2 de fevereiro de 2015

Coração Satânico - William Hjortsberg

Desculpem-me por usar a capa estrangeira,
mas não consegui achar uma nacional
com boa qualidade.
• Autor: William Hjortsberg
Editora: Best Seller
Gênero: Terror/Thriller
Número de Páginas: 244 páginas
Número de Estrelas: 4 estrelas
Skoob: Coração Satânico
Comprar: Estante Virtual

Há um bom tempo eu adicionei Coração Satânico aos livros ebooks para ler, mas eu nem lembrava mais qual era a história. Só sabia que tinha uma adaptação e que era um nome conhecido do cinema do terror. Como a capa me agradou e já fazia um bom tempo que eu não lia um bom terror, decidi arriscar. E que arriscada, hein?!
Nova York, final dos anos 50. Entre bairros negros e casarões decadentes circula Harry Angel, detetive particular ao velho estilo. Sua mais apavorante aventura começa com um telefone de Louis Cyphre. O estranho cliente pede um serviço simples: que Angel localize o músico Johnny Favorite, um astro da canção desaparecido anos antes. No rastro de Favorite, Harry Angel mergulha num mar de sombra e pesadelo, onde cada testemunha pode morrer e cada pista se dissolve em sangue. Em meio a rituais de magia negra, a trama cresce em tensão e mistério, até um desfecho imprevisto e chocante.
 Ambientado no fim da década de 50, em NY, Coração Satânico mostra muito bem como estava a situação da sociedade naquela época com relação aos negros e sua cultura. Não é algo que o autor escancara, mas é notável com a sutileza dos detalhes, a construção das frases dos personagens e também pelo fato de a história se passar entre a cultura negra. É possível notar também a marginalização de uma cultura e o modo como o preconceito dos brancos para com os negros, afetou o modo que alguns negros veem os brancos, tratando-os, também, com preconceito.

William Hjortsberg decidiu utilizar o auge da cultura naquela época: o blues e o jazz, ambos de origem africana. Feita uma rápida pesquisa, é considerável a quantidade de grupos e cantores solo desses dois gêneros musicais e é nesse meio em que Harry Angel é jogado, à procura de Johnny Favorite. Johnny, um branco que venceu na vida em meio aos negros e seus grupos. É essa concorrência junto ao preconceito que fez com que se criasse a lenda de pactos com o Diabo em troca de sucesso. Sua alma em troca da fama. Até hoje essas lendas se perpetuam em grupos de rock ou bandas que estouraram de um dia para o outro.
(...) Toots ergueu a tampa curva de seu piano de cauda. Havia um pé de galinha no teclado. Ele fechou a tampa. (...)
Coração Satânico é abarrotado de simbologia, do começo ao fim. E quando eu digo do começo quero dizer na página introdutória. Macumba, Obeah, missa negra, todo o misticismo africano está presente nesse livro. E é nesse meio que Hjortsberg insere o protagonista da história - que é contada inteiramente em primeira pessoa. Além de explorar bem esse lado oculto da sociedade, o autor vai trilhando o mapa de Nova York e nos levando para vários lugares, subúrbios e centos.

— (...) Johnny carregava um crânio na mala.
— Um crânio humano?
— Sim, foi de um ser humano, se é o que quer saber. Segundo Johnny, de um homem que matara dez pessoas, por isso lhe trazia poder.
Como o misticismo e simbolismo é massivo no livro, não poderiam faltar cenas de rituais. São três durante todo o livro, mas a segunda cena é ex-tre-ma-men-te medonha. Tudo aquilo que já vimos em filmes de terror como A Chave Mestra ou em cenas de American Horror Story: Coven também fazem parte do livro. Virgens em altares, oferendas, pescoços de animais cortados, sexo, tudo. Não só os rituais, mas os assassinatos também são bizarros.

O começo do livro é bastante lento e algumas vezes é possível pensar que ele vai acabar sem uma solução ou com uma explicação rápida e não convincente, mas tudo isso é apenas para a preparação do final. O autor vai nos levando para todos os lugares de Nova York e nos fazendo acompanhar os interrogatórios dos suspeitos de Johnny, nos dando pequenas reviravoltas, mas tudo isso é para o final surpreendente e com a máxima reviravolta. Infelizmente é necessário admitir que algumas cenas são deveras previsíveis, mas nada que tire o glamour da história.

Coração Satânico foi adaptado para as telas em 1987, com a direção de Alan Parker.

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