7 de outubro de 2015

[MÊS DO HORROR | CONTOS] A Maldição de Yig - H.P. Lovecraft

Quem dera tivesse sido por esse conto que eu tivesse iniciado minhas leituras de H.P. Lovecraft! A primeira coisa que li do autor foi o conto Vento Frio, o qual não me agradou muito, mas ter separado A Maldição de Yig para ler nesse Mês do Horror, foi a melhor coisa que fiz em um bom tempo. Foi a primeira leitura que completei da minha TBR e comecei com o pontapé exato. ESTE POST PODE CONTERÁ SPOILERS DA OBRA!

Yig é o deus-serpente criado por H.P. Lovecraft que antecede até mesmo a lenda maia do Quetzalcoatl. O narrador desta história, é um etnologista que está interessado em saber mais sobre deuses-serpentes, então viaja para Oklahoma, para estudar mais sobre essa entidade que é dita como a mais antiga lenda de deus-cobra.

A mitologia por trás de Yig é muito bem construída, como muito bem aproveitada ao longo do todo o conto. Na Cidade de Guthrie, o narrador se encontra com o dono de um asilo que diz ter provas concretas da maldição do deus Yig. Desde o começo da história, o narrador nos diz que o que ele viu nesse asilo é algo que vai ficar gravado em sua memória por algum tempo:
Em 1925 eu fui para Oklahoma buscando conhecimento sobre serpentes, e eu saí de lá com um terror de serpentes que vai durar pelo resto da minha vida. (...) Meu trabalho como um etnologista de cultura indígena americana me endureceu para todos os tipos de lendas extravagantes, e eu sei que os homens brancos ganham dos peles vermelhas em seu próprio jogo em se tratando de invenções fantásticas. Mas eu não posso esquecer o que vi com meus próprios olhos no asilo para loucos da Cidade de Guthrie.
Na conversa inicial com o Dr. McNeill, o narrador fica sabendo que naquele asilo há uma vítima do toque de Yig, de sua maldição. Ao acompanhar o doutor até uma cela completamente isolada, nos é exposto essa infame vítima. O resto de um ser humano que apesar de ter pernas, rasteja. Tem pele escamosa, um pouco escura e rosto achatado, como uma cascavel. O narrador fica horrorizado com aquela visão e é à partir daqui que vamos descobrir quão vingativo Yig pode ser.

A divindade é muito protetora com os seus, mas ao mesmo tempo muito ameaçadora. As lendas contadas pelos índios dizem que Yig só se torna um predador nos meses de agosto, setembro e outubro. E se torna ainda mais brutal quando alguém ameaçada ou mata um de seus filhos, ou seja, alguma serpente. Os índios utilizam de várias técnicas para afastar o deus-serpente: amuletos, rituais, rezas.

O Dr. McNeill então vai contar a história do casal Walker e Audrey Davis e o velho cachorro Lobo. O casal atravessou inúmeras regiões para só em determinado momento se assentarem num lugarzinho e construírem suas propriedades do zero. Walker era um homem destemido, poucas coisas o assustavam, mas as únicas que o faziam paralisar de medo eram exatamente cobras. O autor nos conta que essa fobia do protagonista é resultado de uma profecia que lhe foi dita quando ele ainda era uma criança.

Ao longo de toda a viagem que o casal fez até chegar ao seu destino final, Walker tomava todo o cuidado em não parar em lugares rochosos e com fendas espaçosas o suficiente que coubessem cobras. Além disso, quando ele ficou sabendo da fúria do deus Yig, as precauções só aumentaram: ele sempre rezava contra sua fúria, tomava o cuidado de sempre cortar arbustos secos para que estes não escondessem cobras. Ele sempre insistia que Audrey fizesse o mesmo.

Quando, numa de suas paradas de viagem, Audrey descobre um ninho de cobras e mata cada uma delas esmagadas, Walker enlouquece de fúria. Põe toda a culpa da desgraça que vai lhes ocorrer na mulher, afirma que Yig vai cair em cima deles com toda a sua cólera e pede a ajuda a índios por proteção.
“Só Deus sabe o que você arrumou pra você, mulher, esmagando uma ninhada inteira das crias do Yig. Ele vai te pegar, com certeza, cedo ou tarde, a menos que eu consiga comprar um amuleto ou feitiço de algum curandeiro Injun. Ele vai te pegar, Aud, certo como um dia após o outro, ele vai vir de noite e te transformar numa cobra pintada!”
Depois que Audrey e Walker acham um lugarzinho só deles e lá constroem sua própria casa, eles continuam rezando pelo perdão de Yig, rezando para que nada de ruim aconteça com eles, que a maldição de Yig não caia sobre eles, mais especificamente sobre Audrey. A mulher acaba se sentindo extremamente culpada. Perto de onde eles se assentam, outras famílias também constroem suas casas e logo Audrey fica amiga de Sally, uma moça que conhece várias histórias sobre cobras.

Audrey, sabendo do medo do marido, pede para que a amiga e o esposo não repassem essas lendas. Sally concorda. O autor diz que, mesmo abafado e longe, chega na casa dos Davis o som de tambores de rituais indígenas. Toda noite o casal Davis dorme com esse som. Sempre antes de dormir, o casal reza, mas no dia em que eles dão uma festa e vão dormir cansados e esquecem de rezar, a maldição de Yig cai sobre eles de forma perturbadora.

Eu não vou contar o que acontece depois, porque é essa a parte do terror e da repulsa do conto. O final, a explicação para a monstruosidade no asilo do Dr. McNeill é absurda e surpreendente. Esse é realmente o tipo de história que eu gosto de ler. O conto é curto, de fácil acesso, divertido, tenso, surpreendente e de ótima qualidade. O autor teve o cuidado de nos situar bem no espaço e nas lendas de Yig.

Classificação: 5 estrelas + Favoritado

[+] Veja também os seguintes links relacionados:
666, O Limiar do Inferno – Jay Anson;
Milha 81 – Stephen King;
Cinema #15: Jinn;
A Ilha do Dr. Moreau – H.G. Well

Siga o Instagram do blog: @sanoite
Não esqueça de deixar seu comentário!

0 comentários:

Postar um comentário